Otite externa
A orelha externa compreende a região mais externa do ouvido, na parte cartilaginosa do ouvido e o conduto auditivo. Sua função é amplificação do som que chegará ao tímpano e proteção da orelha média contra traumas e machucados.
A inflamação da orelha externa é muito comum no verão, quando transpiramos mais, usamos mais balho de praia e de piscina. Outro fator importante é a exposição a corpo estranho (mais comum em crianças pequenas que colocam objeto dentro do ouvido), cerume impactado, alguma doença de pele, como alergias, o uso de fones de ouvidos ou de aparelhos de audição para surdez. Essa inflamação chega a ser 5 a 20% dos atendimentos otorrinolaringológicos.
Causas
Infecção por bactérias é a causa mais comum de otite externa:
- Pseudomonas (mais de 60%),
- Staphilococcus
- Streptococcus
Outra causa é a infecção por fungos:
Vírus, apesar de incomum, também podem ser a causa da otite externa.
Sintomas
- Dor no ouvido, geralmente unilateral e intensa
- Piora da dor ao movimentar, apertar ou puxar a orelha
- Vermelhidão na pele do ouvido
- Secreção drenando do ouvido
- Sensação de ouvido entupido
- inchaço de pele do canal do ouvido e da orelha
- Zumbido
- Descamação da pele do ouvido
No caso de infecção por fungo pode haver:
- Micélios e hifas fúngicas no ouvido
- Cosseira intensa
No caso de infecção viral:
- Bolhas
- Crostas
Diagnóstico
Um médico Otorrinolaringologista deve avaliar qualquer queixa de dor de ouvido, por ser um especialista na área. Ele irá avaliar seu ouvido por meio de uma otoscopia, onde vai analisar desde a coloração da orelha externa, do conduto auditivo externo, até chegar ao tímpano para avaliar sua integridade.
Não existe um exame específico para diagnóstico da otite externa, apenas a avaliação de um médico experiente já é o suficiente, fazendo o diagnóstico diferencial com eczema, psoríase, queratose obliterante, colesteatoma de conduto e outras neoplasias.
Cultura de secreção são dispensáveis na maioria dos casos.
Tratamento
Na infecção bacteriana o médico fará a limpeza do canal auditivo, remoção de cerume e de restos de pele para melhor aplicação de medicações diretamente no ouvido. Gotas otológicas com antibiótico devem ser usadas por 7 dias. Nessas infecções elas são superiores aos antibióticos tomados por via oral pois a concentração da droga no local da infecção é muito maior quando aplicados diretamente no ouvido, sem ter riscos de efeitos colaterais, tanto que na grande maioria dos casos não há necessidade de uso de antibióticos via oral. Como desvantagem, pode haver desconforto tipo queimação quando instilado gotas no ouvido, além do risco de ototoxicidade se houver perfuração do tímpano.
Deve-se proteger o ouvido da água tanto no banho, com algodões embebidos em óleo, como evitar atividades aquáticas durante o período do tratamento.
Gostas otológicas a base de antibióticos tipo Quinolonas (Ciprofloxacina) sendo a escolha mais indicada, mas também podemos usar antibióticos da família dos aminoglicosídeos (sobretudo a neomicina) que é um tratamento mais barato, mas mais ototóxico. Associações com corticoides e analgésicos dão um alívio mais rápido dos sintomas.
Nos casos de inchaço intenso da pele do canal do ouvido pode dificultar a inspeção do ouvido e o uso de medicações tipo gota otológica. Esse tipo de complicação deve ser tratado com a realização de um curativo otológico dentro do conduto auditivo com pomadas, gaze e algodão. Esse curativo deve permanecer entre 24 e 72 horas dentro do ouvido para reverter essa oclusão do ouvido.
Nos casos de otite causados por fungos o tratamento é mais longo, durando algumas semanas, sendo fundamental a remoção de micélios e hifas fúngicas periodicamente. Pode ser usados medicações com ácidos (ácido acético 1,5%), antifúngicos tópicos (clotrimazol, miconazol, nistatina) mas causam grande queimação a instilação. Raramente utiliza-se antifúngicos orais, como o fluconazol.
Compressa quente no ouvido não ajuda a parar a infecção, mas ajuda a diminuir a dor. Nunca pingar remédios, óleo ou outras soluções dentro do ouvido. Não há comprovação cientifica que essas substâncias possam ajudar na melhora da infecção e ainda podem piorar machucando a pele do canal do ouvido e a membrana do tímpano. Também é contraindicado o uso de alho ou outros alimentos dentro do ouvido.
Importante não tentar limpar os ouvidos com cotonetes, grampos ou tampa de canetas. Para a limpeza de ouvidos, usar apenas os dedos, pano ou toalhas. A lavagem do ouvido não deve ser realizada em casa, porque se houver perfuração do tímpano a água irá piorar a infecção.
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