Apneia do sono: sintomas, diagnóstico e tratamento
Apneia do sono vai muito além de noites mal dormidas. Roncar além de não ser agradável pode significar que suas vias aéreas estão sofrendo durante o sono. Quem ronca tem maior chance de sofrer da doença apneia do sono, doença a qual afeta diretamente nossos órgãos vitais.
O que é apneia do sono?
O termo “apneia” tem origem do grego antigo, derivado de duas palavras: “a”, que significa “sem” e “pnein”, que significa respirar. Portanto a palavra “apneia” significa literalmente “ sem respiração”. Podemos parar de respirar, ou diminuir a respiração durante o sono, a um ponto que pode faltar oxigênio no nosso sangue.
Uma das formas mais comuns desse distúrbio é a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) e pouca gente sabe que ela pode levar a consequências significativas para a saúde se não for tratado adequadamente.
Como é caracterizada a síndrome da apneia obstrutiva do sono?
Essa síndrome é caracterizada pela diminuição de passagem de ar pela nossa via respiratória superior (nariz, garganta e na região posterior da língua), que leva a uma interrupção temporária da respiração.
Os últimos trabalhos veem demonstrando que é uma doença presente em um terço da população mundial e afeta mais homens do que as mulheres, apesar que essas começam a ter mais apneias após a menopausa.
Fatores de risco para desenvolver apneia do sono:
- Obesidade
- Idade avançada
- Síndromes genéticas com deformidade craniofaciais evidentes ou não
- Mandíbula recuada
- Céu da boca estreito
- Amigdalas grandes
- Desvio de septo nasal
- Língua de tamanho aumentado
- Uso de medicamentos (relaxantes musculares)
- Refluxo gastro-esofágico
- Tabagismo
- Bebidas alcoólicas
Sintomas mais comuns incluem:
- Roncos
- Esforço respiratório exagerado
- Engasgos
- Sonolência excessiva durante o dia
- Fadiga crônica
- Falta de concentração
- Dificuldade de acordar
- Dor de cabeça pela manhã
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono é baseado em uma avaliação detalhada do paciente, histórico médico e um estudo do sono conhecido como polissonografia.
Esse exame compreende a monitorização de diversos parâmetros durante o seu sono, incluindo o padrão da respiração, esforço respiratório, frequência cardíaca, atividade cerebral, oxigenação do sangue, posição do copo, movimento das pernas e do queixo.
Através do exame de polissonografia, temos um índice de distúrbio respiratório, que significa a média de paradas de respiração por hora durante o sono. Esse índice tem que ser zero (0) em crianças e considerado normal até 5 paradas de respiração por hora nos adultos. Os exames alterados são divididos em 3 classes:
- Leve: 5 a 15 apneias por hora.
- Moderada: 15 a 30 paradas de respiração por hora.
- Grave: Acima de 30 apneias por hora.
Atualmente também usamos muito o exame de tomografia computadorizada de seios da face e do pescoço para avaliar alterações anatômicas que podem atrapalhar a passagem do ar pelas vias aéreas.
Tratamento
O tratamento da apneia do sono é baseado em muitos fatores, depende muito das alterações encontradas nos exames, na severidade dos sintomas do paciente e nas doenças associadas caudas ou não pela síndrome da apneia do sono.
Os casos em que a pessoa não tem apneia do sono, mas apresenta ronco durante o sono, podemos tratar avaliando de onde vem esse ronco, nariz ou garganta. Muitas vezes medidas como tratar uma rinite alérgica ou usar faixas para manter a boca fechada durante o sono podem ser bem eficazes.
- Casos leves: mudanças no estilo de vida, como perda de peso, fazer exercícios físicos, evitar consumo de álcool e tabaco, dormir de lado em vez de dormir de costas, aparelho intraoral feito por dentistas e fisioterapia para os músculos da língua e da garganta podem ajudar a reduzir.
- Casos moderados: apesar das mudanças do estilo de vida de fisioterapia respiratória também são medidas valiosas para o tratamento, porém geralmente precisam de tratamentos adicionais. As cirurgias para ampliar o espaço respiratório geralmente têm bons resultados em pacientes com apneia moderada, mas em alguns casos o uso de aparelhos com pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP), que ajudam a manter as vias aéreas abertas durante o sono também melhoram a respiração e a oxigenação do sangue.
- Casos graves: as cirurgias voltadas para a melhora da respiração podem não ser suficientes e o aparelho CPAP pode ser mais eficaz que os outros tratamentos já citados. Ele também é recomendado nos casos mais leves quando as outras medidas não foram eficazes.
O que a apneia do sono pode causar?
A síndrome da apneia e hipopneia do sono está associada a uma série de complicações se não for tratada adequadamente. Algumas das complicações mais comuns incluem:
- Sonolência excessiva diurna: A apneia não deixa a noite de sono ser repousante sendo comum o relato de acordar cansado e dificuldade de acordar no consultório do médico que trata doenças do sono. Isso pode aumentar o risco de acidentes de carro, no trabalho e afetar negativamente o desempenho no estudo e nas atividades diárias.
- Impotência sexual: principalmente em homens pois o sintoma mais evidente é a disfunção erétil, mas pode acometer a libido de mulheres em qualquer idade e em todos os tipos de apneia do sono.
- Fadiga crônica: Sentida como uma diminuição de energia durante o dia, ela é gerada devido a interrupção frequente do sono com pequenos despertares.
- Problemas de memória e concentração: A falta do sono reparados afeta diretamente a capacidade de concentração, memória e habilidades cognitivas em geral, prejudicando seu desempenho nas tarefas diárias.
- Risco aumentado de acidentes: Trabalhos científicos já relataram que pessoas que sofrem de apneia do sono se envolvem mais em acidente automobilísticos, no trabalho e em outras atividades que exigem atenção e vigilância.
- Pressão arterial elevada: A síndrome da apneia e hipopneia está associada a hipertensão arterial, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como derrames e infartos do coração.
- Arritmias cárdicas e doenças cardiovasculares: Os episódios de apneia podem causar flutuação no ritmo cardíaco, assim como pode levar ao aumento de doenças coronarianas.
- Diabetes tipo 2: A síndrome da apneia obstrutiva do soo está associada aí aumento da resistência à insulina e a diminuição da tolerância a glicose.
- Obesidade: Apesar da obesidade ser um fator de risco para apneia e pode contribuir com o agravamento dessa doença, ela também pode ser a consequência. Um dos fatores é que existe a diminuição de hormônios que ajudam na saciedade, então pessoas com apneia tendem a comer mais. Além disso, a disposição para realizar exercícios físicos fica prejudicada.
- Problemas psicológicos: Os efeitos negativos na qualidade de vida e no bem estar de quem ronca está associada a níveis maiores de depressão e ansiedade.
Importante saber que essas complicações podem variar de pessoa para pessoa, dependem da gravidade da doença, da duração e do tratamento. Portanto é fundamental procurar tratamento com seu médico otorrinolaringologista se você está sofrendo com esse distúrbio do sono.
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