Síndrome Obstrutiva da Apneia do Sono
Essa síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono, causando apneia (entende-se por apneia a parada completa da respiração por um período de pelo menos dez segundos) ou hipopneia (uma redução do fluxo de ar e de oxigênio de 30% a 50%).
Para melhor classificar os sinais dessa síndrome, contamos o número de episódios de apneia-hipopneia por hora de sono. Pessoas com índices maiores do que 5 apneias- hipopneias por hora já são consideradas portadoras de apneia do sono.
O ronco é uma queixa comum, sendo que 44% dos homens sofrem de ronco em contrapartida das mulheres que são 28%. Roncar em si não chega a ser uma doença, mas a síndrome da apneia do sono é, afetando 4% dos homes e 2 % da população feminina.
A síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono ocorre principalmente em homens entre a quarte e quinta década de vida sendo que mais de 10% da população acima de 65 anos apresenta apneia obstrutiva do sono. Até as crianças podem apresentar apneia do sono em 1% a 3% dos casos.
Sintomas
Normalmente, uma pessoa que tem apneia do sono não possui apenas um sintoma, mas uma combinação de vários.
O principal e mais perturbador é o ronco alto e constante que, frequentemente, é seguido por uma breve pausa e outro ronco mais forte ainda, em que a respiração é retomada com dificuldade.
Outros sintomas da síndrome a apneia do sono incluem:
- Bufar, ofegar ou se engasgar durante o sono
- Urinar muitas vezes durante a noite
- Despertares frequentes
- Suor excessivo a noite
- Pesadelos
- Insônia
- Boca seca
- Pressão alta
- Dores de cabeça pela manhã
- Acordar cansado pela manhã
- Sonolência durante o dia ou à noite
- Refluxo gastroesofágico
- Sono ao dirigir
- Desatenção
- Perda de memória
- Alterações repentinas de humor
- Redução da libido e impotência sexual
- Comportamento hiperativo, principalmente em crianças.
As consequências da apneia do sono vão além das noites mal dormidas e inconveniências com os parceiros de quarto. A mortalidade entre os portadores da síndrome é significativamente mais alta entre os que não recebem tratamento adequado.
Complicações mais comuns:
- Pressão alta
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Infarto agudo do miocárdio
- A insuficiência cardíaca congestiva
- Arritmia cardíaca
- Depressão
- Glaucoma
- Obesidade
- Diabetes
- Fadiga crônica
Causas
Qualquer fenômeno que provoque estreitamento ou fechamento da passagem de ar pelas vias aéreas superiores pode causar apneia-hipopneia do sono:
- Obesidade (mais importante),
- Hipotireoidismo,
- Consumo de bebidas alcoólicas,
- Aumento do tamanho das amígdalas,
- Malformações da mandíbula ou da faringe,
- Aumento do tamanho da língua (como ocorre na síndrome de Down),
- Tumores benignos e malignos de cabeça e pescoço,
- Flacidez dos músculos da faringe,
- Falta de coordenação dos músculos respiratórios,
- Obstrução nasal.
Diagnóstico
Uma consulta médica com médico que seja experiente em manejo da síndrome da apneia do sono deve ser consultado. No exame físico nós avaliamos o peso, altura, circunferência cervical e abdominal, avaliação da boca e das narinas.
Exames complementares como a nasofibroscopia, usando um endoscópio flexível, avaliamos a anatomia da via aérea em busca de alterações que possam causar obstrução do fluxo de ar.
Cefalometria não é um exame utilizado como rotina, sendo reservado para casos com suspeita de dismorfismo craniofacial.
O diagnóstico de certeza só pode ser estabelecido através da polissonografia de noite inteira, o estudo do sono, um exame que permite testar durante o sono os potenciais elétricos da atividade cerebral, dos batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos, a atividade muscular, o esforço respiratório, a saturação de oxigênio no sangue, o movimento das pernas e outros parâmetros.
O exame de polissonografia também ajuda na classificação da Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono, podendo ser em leve (de 5 a 15 apneias/hipopneias por hora), moderada (de 15 a 30 apneias/hipopneias por hora), ou uma síndrome grave (acima de 30 apneias/hipopneias por hora).
Tratamento
O tratamento pode ser iniciado em qualquer estágio de apneia que se encontra o paciente, porém um médico OTORRINOLARINGOLOGISTA deve ser procurado o quanto antes iniciarem os sintomas e o objetivo do tratamento é manter as vias aéreas permeáveis ao fluxo de ar durante a noite.
Atualmente não há dúvidas que o tratamento de escolha é o uso de máscara chamada CPAP, conectada a um compressor de ar que provoca pressão positiva para forçar sua passagem através das vias aéreas superiores, durante a noite.
Entretanto, estudos demonstram que 25 a 50% dos pacientes que sofrem com a síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono se recusam ou não toleram o uso de CPAP.
Tratamento cirúrgico está sempre indicado para a remoção de obstáculos e correção de distúrbios anatômicos que dificultem a passagem de ar. Essa cirurgia chama-se Uvulopaltofaringoplastia.
Consiste na remoção das amigdalas e remodelamento de todo o céu da boca. Ela está indicada em casos de índice de apneia leve a moderado. Nos casos de apneia grave ela pode ser realizada, mas nunca como o único tratamento.
Como a obesidade está presente em 70% das pessoas com síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono, a perda de peso via dietas hipocalóricas associadas a atividade física ou por meio de cirurgia de redução de estomago, faz parte do tratamento e está relacionada a diminuição significativa dos episódios de apneia e hipopneia.
Evitar dormir na posição supina (de barriga para cima) é uma medida útil já que quase 60% das pessoas que tem síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono pioram nessa posição. Elevar a cabeceira da cama em 30º a 60º ou dormir deitado de lado são medidas posturais que auxiliam no tratamento.
Não existe um tratamento com medicamentos para a síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono e o uso de oxigênio suplementar também não é recomendado.
Tratamento da obstrução nasal pode ser considerado, pois ela causa dificuldade para o início do sono, assim como dificultar a utilização do CPAP. Uso de medicações descongestionantes nasais não são recomendadas, mas o tratamento de rinites e sinusites pode ser eficaz. Cirurgia de septoplastia para correção de desvio de septo, sinusite e pólipos nasais podem são adjuvantes.
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